80 anos da maior enchente da história de Cachoeira do Sul e do RS
Produtores de arroz sofreram a consequência de mais de 20 dias de chuvas fortes em Cachoeira.
Jornal NT Sul
Por Thays Silva 03/05/2021 - 15h37
Em uma casa construída no final da rua Moron, a alguns metros do Rio Jacuí, funciona uma peixaria. Ali é a residência do seu Hélio, policial aposentado e pescador. Ele tem 68 anos e, desde os 8, mora próximo do rio e vivencia tudo o que acontece na região. A grande enchente de 1941 aconteceu nos meses de abril e maio, bem antes de ele nascer, mas é claro que seu Hélio já ouviu falar sobre esse fato.
“A gente vê os comentários sobre a altura que foi a água, né? Que foi até o prédio do IRGA, na esquina que vai pro Náutico”, conta Hélio. Apontando para a área no entorno do rio, ele completa: “Esses campos aqui eram tudo água. Nessas enchentes normais isso já vira água, imagina aquela em 41, que foi lá em cima”.
Fotos da época mostram a região central da capital gaúcha, Porto Alegre, totalmente invadida pelas águas do Rio Guaíba. Nas ruas onde habitualmente rodavam veículos, os únicos transportes possíveis eram as embarcações. O comércio e todos os segmentos econômicos centralizados na região foram duramente atingidos.
Em março de 1941, o setor orizícola de Cachoeira do Sul promoveu a 1ª Festa do Arroz, um grande evento que comemorou a grande produtividade das lavouras locais e a perspectiva de uma colheita abundante.
“A Festa do Arroz que aconteceu em março de 41 foi uma celebração do sucesso da produção de arroz em Cachoeira e de todos os bons reflexos que isso trazia para a economia do município naquela época. E no mês de abril, a partir do dia 20, começou a chuva em grande quantidade e o setor arrozeiro foi o grande prejudicado pela grande enchente”, conta a pesquisadora Mirian Ritzel.
A alegria dos arrozeiros durou até a chegada das chuvas, que fizeram a caixa do Rio Jacuí ser pequena para comportar tanta água proveniente da chuva, afluentes e de todos os mananciais de arredores. O que ainda estava na lavoura pereceu e o que já havia sido colhido também. Foi muito volume de água em pouco espaço de tempo.
“A enchente de 1941 é até hoje a maior e a que causou mais estragos, na forma como o rio invadiu várzeas e áreas, e a cidade como um todo sofreu os reflexos disso especialmente na sua economia. Tinha sido um ano muito bem-sucedido, principalmente na colheita do arroz. Então os prejuízos foram muito grandes e as pessoas nunca esqueceram”, relata Mirian. Ela conta ainda que 600 famílias foram atingidas. “Naquela época, os ribeirinhos, que viviam mais próximos do rio, foram atingidos. E as pessoas o interior e suas plantações, foram muito atingidas por viverem próximas dos afluentes do Rio Jacuí. Todos os arroios encheram muito rapidamente”.
A pesquisadora explica ainda que parte da produção já colhida foi perdida. “Grande parte da produção que já estava estocada nos armazéns no Porto ficou embaixo d’água. Então, tudo foi perdido. Também era uma época dos engenhos de arroz na beira do rio, não só no Porto, mas ao longo do Rio Jacuí, e eles foram atingidos pelas águas”.
Nem mesmo o transporte ferroviário escapou dos efeitos da enchente, conta Mirian: “Como a enchente atingiu o estado em geral, muitas partes das estradas de ferro foram interrompidas pela água. Tudo foi realmente prejudicado pela grande enchente daquele ano”.
Os impactos da grande enchente foram tão grandes que até mesmo uma comissão foi constituída para administrar a situação.
O arquivo histórico municipal possui os jornais de 1941 com manchetes e narrativas sobre a enchente que entrou para a história de Cachoeira do Sul como a maior já registrada. História essa que esperamos continue como registro do passado.
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