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O uso da calça comprida (e as carícias orais)

É “pecado” ou “indecente” uma mulher usar calça comprida? E um casal praticar “carícias orais”? A resposta a seguir será breve, porém, nada ultraconservadora e nem mesmo liberal.

Na Mira da Verdade


Por jeferson 03/07/2014 - 18h17

Mulher com calça comprida

Você pode estar se perguntando do porquê abordar dois assuntos “nada a ver” um com o outro no mesmo post. A resposta é a seguinte: uma pessoa escreveu-me demonstrando certo descontentamento com minhas opiniões sobre o assunto por eu não se enquadrar dentro dos moldes extremistas dela.

Por isso, decidi compartilhar com você a resposta que dei a esse irmão, com o objetivo de lhe ajudar a encontrar o equilíbrio nessas questões delicadas e a ser um cristão prudente, que não “coa o mosquito e engole o camelo”.

No decorrer da resposta entenderá melhor o que quero dizer com isso.

Boa leitura!

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Recebi sua carta com carinho e espero, nessas breves considerações, esclarecer alguns pontos para que não permaneça triste com o que afirmei no programa “Na Mira da Verdade” a respeito das vestimentas e das carícias orais.

Em primeiro lugar quero comentar uma frase de sua carta onde afirmou o seguinte: “nós devemos aceitar pela fé o não uso da mesma [calça comprida]”.

Com amor cristão quero lhe dizer que essa é uma posição perigosa, e que coloca a fé humana acima da Revelação Escrita. A nossa fé é baseada em evidências e, por isso, não é cega (veja-se 1Pe 3:15, 16). Se nas Escrituras não encontramos a proibição para a mulher usar calça comprida, não podemos exercer uma fé ilusória, sendo que tal conceito não faz parte da Revelação.

Quando a Bíblia foi escrita não existiam calças compridas. Por isso, usar versículos como Deuteronômio 22:5 para justificar o não uso da calça pelas mulheres é um desrespeito para com o texto bíblico. Precisamos deixar que o verso fale por si, ao invés de colocarmos nele ideias que não faziam parte da mente do autor original.

Percebe-se com isso que o uso de calça na igreja é uma questão cultural, não um princípio de ordem moral. O princípio moral é a pureza, modéstia e decência e isso vale para todas as épocas e lugares. Portanto, é eterno. Já a forma como o princípio é aplicado (seja usando-se uma saia ou uma calça decente) varia de acordo com a cultura e época.

O que destaco no programa é que o princípio bíblico de pureza encontrado em 1Tm 2:9, 10 e 1Pe 3:3, 4 ensina-nos que as roupas femininas e masculinas precisam ser modestas, puras e decentes. Essa é a preocupação da Bíblia. E nada mais.

Seguindo esses princípios, vemos que a mulher cristã pode usar uma saia pura e modesta ou uma calça pura e modesta. O problema não está na calça em si, mas no tipo de calça usada frequentemente pelo mundo, bem como no tipo de saia que o mundo também usa. Há saias e calças imorais. Em contrapartida, há saias e calças decentes, que se enquadram dentro dos princípios de pureza e modéstia cristã que encontramos na Palavra de Deus.

Se compreendermos que o problema não é um tipo de roupa em si, mas, que o princípio bíblico de decência e pureza é que precisam nortear a vestimenta cristã, deixaremos de perder nosso tempo em questões de menos importância.

Na Argentina, onde fiz meu Mestrado em Teologia, vi irmãs irem à igreja com calças muito mais modestas (e elegantes) que diversos vestidos longos e saias usadas no Brasil. Perceba irmão que o problema maior é o coração (ver Mt 15:18-20) e não simplesmente uma peça de roupa (se ela não for imoral, é claro). Se o coração for puro, a roupa usada refletirá as condições do coração, seja essa vestimenta uma saia, um vestido, uma calça, um moletom, uma bermuda, etc.

É claro que em nossa adoração a Deus devemos vestir o nosso melhor (algo subjetivo, pois, o que é melhor pra mim, não o é pra você). Se num tribunal não podemos entrar com qualquer tipo de roupa em respeito às autoridades, imagine na casa de Deus.

Enquanto como Igreja não nos determos naquilo que o texto realmente ensina, e não nos preocuparmos com o mais importante que são os princípios de pureza e modéstia, estaremos “coando o mosquito e engolindo o camelo” (Mt 23:24). Por isso, convido o irmão a refletir nisso com carinho. Afinal, o Senhor conta conosco no cumprimento da missão, e espera que cheguemos juntos ao Reino eterno, conduzindo muitas pessoas à verdade.

Carícias orais

Sobre esse assunto, farei um pequenino comentário. Noutro momento pretendo elaborar uma pesquisa sobre o mesmo.

Reconheço que esse é um assunto delicado para muitos. Todavia, fico com o princípio de que, se a Bíblia não é clara a respeito, Deus está com isso dizendo que cada pessoa é livre para acariciar intimamente seu cônjuge do jeito que ambos gostarem e mais sentirem prazer. Se o casal optar pelas carícias orais, isso deveria ser feito desde que tal carinho íntimo: (1) não fira a consciência do outro; (2) seja de consentimento mútuo; (3) não substitua o sexo convencional, pênis e vagina.

Não vejo como problema carícias feitas entre duas pessoas saudáveis, fiéis uma a outra, e que desejam “brincar” para aquecer a relação. Essa é a opinião da Dra. Valéria Peixoto Meira, autora do livro Sexualidade Plena, publicado pela Casa Publicadora Brasileira em 2005.

Percebe-se que a preocupação bíblica é que o casal se satisfaça um ao outro, tornando o cônjuge feliz e satisfeito na vida conjugal, sem privar-se por muito tempo (ver 1Co 7:3-5). Não vejo na Palavra de Deus uma preocupação quanto à maneira como cada casal deve acariciar o outro. Mas, se o irmão continuar a pensar diferente, respeito sua opinião e sei que também poderei contar com seu respeito à minha posição.

Há um livro muito interessante escrito por um psicólogo cristão (e autor prolífico) chamado Kevin Leman que num capítulo de sua obra aborda a questão das carícias orais. A obra intitula-se Entre Lençóis (editora Mundo Cristão, 2012), e o capítulo que trata do sexo oral (como brincadeira e não como substituto do sexo convencional) é intitulado “Deleites Orais”.

Recomendo a leitura do mesmo, para que tenha outra visão cristã sobre o assunto. Isso poderá ser bastante benéfico para sua vida conjugal.

No mais, desejo que a paz do nosso grande Deus seja com você e os seus, e me coloco à sua disposição caso possa lhe ser útil em alguma coisa.

Um abraço.

 

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