Repetição, padrões de palavras e significado
Lições da Bíblia
Por Rádio NT 12/05/2020 - 02h30
No pensamento hebraico, existem diversas maneiras de expressar ideias que reforçam o significado e enfatizam a importância de conceitos. Ao contrário das línguas europeias, o hebraico não possui sinais de pontuação no idioma original. Por isso, na estrutura do idioma foram desenvolvidas outras formas de comunicar essas ideias.
5. Quais palavras foram repetidas em Gênesis 1:26, 27 e Isaías 6:1-3? Como essas palavras são realçadas por diferentes conceitos introduzidos por meio da repetição? _______________________________________________________
Uma das maneiras pelas quais o escritor hebraico podia enfatizar certo atributo de Deus era repeti-lo três vezes. À medida que o relato da criação chega ao ápice da divina obra criativa, o texto enfatiza a importância singular da humanidade criada. O termo bara (“criar”) sempre tem apenas Deus como sujeito. Ou seja, somente Deus tem o poder de criar sem depender de matéria pré-existente. O texto descreve a criação do homem: “Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:27). Observe a tripla repetição do verbo “criar”. Portanto, Moisés enfatizou que o ser humano foi criado por Deus e que também foi criado à Sua imagem. Essas verdades eram a sua ênfase.
Na visão e chamado de Isaías, os serafins repetiram as palavras “santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6:3). A ênfase está na santidade de um Deus maravilhoso, cuja presença enche o templo. Também vemos essa santidade mediante as palavras de Isaías, quando ele estava na presença do Todo-Poderoso: “Ai de mim! Estou perdido!” (Is 6:5). Mesmo o profeta Isaías, confrontado com a santidade e o caráter de Deus, encolheu-se ante a sua indignidade. Vemos assim, muito antes da exposição de Paulo sobre a pecaminosidade humana e a necessidade de um Salvador (Rm 1-3), a Bíblia expressando a natureza decaída da humanidade, mesmo em uma pessoa “boa” como Isaías.
Em Daniel 3, há uma repetição (com variações) da expressão “imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado” (Dn 3:1-3, 5, 7, 12, 14, 15, 18). Essa expressão, ou variações dela, é repetida dez vezes no capítulo para contrastar a ação de Nabucodonosor em desafio à imagem que Deus lhe havia revelado por meio de Daniel (Dn 2:31-45). A ênfase nesse caso está na tentativa do ser humano de se tornar um deus a ser adorado, em contraste com o único Deus verdadeiro, o único digno de adoração.