Reunião sobre o futuro da GM de São José dos Campos termina sem acordo
Por marciobasso 25/07/2012 - 21h19
A reunião para discutir o futuro da planta da General Motors em São José dos Campos (SP) terminou sem acordo, na tarde desta quarta-feira (25). Um novo encontro foi marcado para o dia 4 de agosto, às 9h. Estiveram presentes na reunião cerca de vinte pessoas – o dobro do esperado -, entre representantes da empresa, da prefeitura, do sindicato e do Ministério do Trabalho.
Ficou definido na reunião que o sindicato deverá apresentar novas propostas para a empresa até a próxima rodada de negociações. Nesse período, a GM se comprometeu a não demitir nenhum funcionário. O diretor de Relações Institucionais da montadora, Luiz Moan, afirmou que o caso de São José dos Campos é pontual, já que as vendas no setor automotivo no país estão em alta. “A GM ainda não trabalha com hipótese de demissões, mas queremos ouvir do sindicato propostas que não sejam as mesmas”, disse ao G1.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos propõe trazer 100% da produção do Classic para São José dos Campos, nacionalizar a produção do Sonic (que atualmente é fabricado na Coréia do Sul e importado para o Brasil), e que a unidade joseense volte a produzir caminhões. Todas as propostas já foram descartadas pela direção da empresa.
Moan disse ainda que desde junho de 2008 a GM ofereceu três modelos para serem fabricados na planta joseense – Cobalt, Cruze, Spin – e a expansão da fábrica de motores, mas por falta de acordo com o sindicato os investimentos não foram feitos. Atualmente a unidade produz apenas o Classic e a S-10.
Ele afirmou ainda que a fábrica em São José dos Campos tem os custos de produção e de mão de obra mais elevados do país na comparação com outras plantas.
Sem acordo na época, unidades da GM em outras cidades receberam os recursos. “Na expansão da fábrica de motores em Joinville (SC), por exemplo, foram gerados 350 empregos”, contou.
Mobilizações
Mesmo sem acordo na reunião, a categoria deve continuar a mobilização nos próximos dias. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, manifestações deverão ser realizadas na cidade, uma delas na próxima na próxima sexta-feira, aniversário de São José dos Campos.
Desde o início do mês, o Sindicato dos Metalúrgicos da General Motors em São José dos Campos faz protestos contra a ameaça de fechamento do setor MVA (Montagem de Veículos Automotores), que teria como consequência 1.500 demissões.
Na área, a empresa produz os modelos Corsa hatch, Classic, Meriva e Zafira. Os dois últimos carros já sairam de linha. A produção da Zafira parou há 20 dias e a da Meriva , na semana passada. O Corsa para a produção nesta quarta-feira (25). De acordo com o sindicato, com a produção total dos quatro modelos, eram fabricados 370 veículos por dia. A categoria não soube informar quantos carros passarão a ser produzidos apenas com a fabricação do Classic.
Além da linha de produção da MVA, a planta da GM em São José tem outras sete linhas de produção: uma para a fabricação da picape S10 e as demais para a produção de motores, cabeçotes e componentes.
Portas fechadas
Na terça-feira (24), a montadora fechou as portas temendo possíveis mobilizações dentro da unidade. A fábrica amanheceu fechada e isolada. A produção foi normalizada nesta quarta-feira (25).
“Tínhamos várias eveidências de uma mobilização na unidade e sabíamos que isso traria prejuízo à integridade dos nossos funcionários”, justificou Moan.
Tensão
O clima de tensão aumentou entre os trabalhadores e a empresa ápós a reunião desta quarta-feira. Na assembleia, os trabalhadores reclamavam da falta de informações.
“Hoje chegamos para trabalhar e ninguém sabia de nada, nem a chefia. Essa reunião só nos deu a certeza de que passaremos o feriado empregado, mas e depois?”, disse Marcos Lobo, 50 anos, há 15 no MVA.
Greve
Na semana passada, os metalúrgicos da GM aprovaram uma greve de 24 horas para tentar impedir os planos da montadora de encerrar as atividades do setor MVA no município. Antes disso, no último dia 12, os trabalhadores realizaram uma paralisação de advertência de duas horas e votaram estado de greve.
Nota
O presidente em exercício da Central dos Trabalhadores do Brasil, Wagner Gomes, divulgou uma nota nesta quarta-feira (25) sobre a situação da GM em São José dos Campos. Leia abaixo a nota na íntegra.
As centrais sindicais Força Sindical, CTB, NCST e UGT repudiam a atitude da GM que pretende demitir 1,5 mil trabalhadores e decidiu manter 7,5 mil funcionários em licença remunerada na fábrica em São José dos Campos, interior de São Paulo.
A GM foi beneficiada com o corte do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) feito pelo governo para ajudar recuperar as vendas dos automóveis e manter os empregos.
Agora, a montadora rompe o acordo, promove locaute e ameaça demitir em massa, recurso condenável e muito usado no passado, quando não havia tantas negociações entre capital e trabalho.
As centrais se solidarizam com os trabalhadores e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. A solução para o impasse virá unicamente pela via da negociação, que tem de ser aberta, o quanto antes, pela montadora.
Fonte: http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2012/07/reuniao-sobre-o-futuro-da-gm-termina-sem-acordo-em-sao-jose.html