Reunião termina com acordo para a dívida grega
Por marciobasso 21/02/2012 - 11h40
Após mais de 13h de negociação, os ministros de Finanças da Eurozona reunidos em Bruxelas, na Bélgica, chegaram a um acordo sobre o segundo resgate para a Grécia, no valor de 130 bilhões de euros, destinados a evitar a quebra do país e um calote de 14,5 bilhões de euros, correspondentes aos títulos gregos que vencem em 20 de março.
A agência Reuters ouviu de um dos ministros que participavam da reunião que eles haviam “chegado a um acordo” sobre o pacote grego, no valor de 130 bilhões de euros, de forma que a dívida grega em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) caísse para 121% até 2020. No entanto, não foi informado quem teria de “perder”, por assim dizer, para que essa meta fosse atingida.
As discussões agora se focam nas perdas que os credores da Grécia estão sendo “convidados” a tomar. O Instituto de Finanças Internacionais, que representa os bancos, estava sob pressão para aceitar um aumento do “valor nominal” das suas baixas contábeis de 50% para 53%.
Esses credores poderiam aceitar um cupom (o pagamento de juros sobre os novos títulos gregos) cujo valor subiria em etapas ao longo dos próximos anos. Isso reduziria os custos de reembolso da Grécia no curto prazo, mas também permitiria que os seus credores se beneficiassem se a economia se recuperasse. Isso permitirá reduzir a dívida grega em 1,8% do PIB, assinalou o ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, em coletiva de imprensa
Schäuble ainda explicou que a troca de bônus que se iniciará no dia 8 de março estabelece juros de 2% e de entre 3% e 4% depois de 2020.
A eurozona também decidiu diminuir os juros que cobra da Grécia pelos empréstimos bilaterais concedidos desde 2010 para 150 pontos básicos acima do euribor.
Também ficou acertada a criação de uma conta bloqueada para que a Grécia dê prioridade ao pagamento da dívida, e a Comissão Europeia decidiu apoiar com pessoal a Grécia na assessoria e aplicação das medidas de ajuste estipuladas.
Os Estados-membros se ofereceram para fornecer especialistas para esta tarefa, assinalou Schäuble.
O ministro afirmou que o Banco Central Europeu (BCE) dividirá os benefícios que receber sobre bônus gregos entre os bancos nacionais e que estes depois podem fazer o que quiserem, porque são independentes, mas estes podem entregar o dinheiro à Grécia.
Tudo isso está condicionado a que a Grécia cumpra antes do fim de mês uma série de ações prévias no setor da saúde, dos impostos, da reforma da previdência, a melhora da viabilidade das estatísticas, a regulação e a supervisão financeira e a reforma laboral, entre outras, disse.
Leia a íntegra do comunicado dos ministros da Eurozona sobre a aprovação dos 130 bilhões de euros para a Grécia (em PDF e em inglês).
Veja a cronologia da crise econômica grega, que começou em 2009 e que hoje atinge um novo marco com o segundo plano de resgate internacional:
2009
8 de dezembro A bolsa e os bônus da Grécia desabam por causa de sua elevada dívida. A Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) pedem ao país para tomar medidas
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2010
5 de janeiro A Grécia anuncia medidas para reduzir o déficit público, de acordo com o Pacto de Estabilidade
3 de fevereiro A Comissão Europeia aprova o plano de austeridade grego
28 de abril As dúvidas sobre a solvência da Grécia e o temor de contágio a outros países europeus arrastam o euro para índices mínimos em um ano. Pela primeira vez na história da zona do euro, a rentabilidade do bônus grego fica acima de 10%
2 de maio Os países da zona do euro aprovam um empréstimo à Grécia no valor de 110 bilhões de euros para o período 2010-2012, do qual o FMI forneceria 30 bilhões
6 de maio O Parlamento aprova o plano de ajuste
9 de maio O Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprova o programa de ajudas à Grécia
14 de junho A Moody’s rebaixa a dívida grega a “bônus lixo”
7 de setembro A UE aprova a segunda prestação de ajuda à Grécia
23 de novembro UE e FMI aprovam o terceiro prazo de ajuda
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2011
22 de maio O governo adverte que se não receber em junho a quinta prestação da ajuda externa (12 bilhões de euros), a Grécia quebrará
23 de maio Aprovadas novas medidas de austeridade para economizar 28 bilhões de euros até 2015 e privatizações para conseguir outros 50 bilhões
21 junho O governo de Yorgos Papandreou recebe o apoio do Parlamento em uma moção de confiança
29 de junho O Parlamento grego aprova o novo plano de ajuste que desbloqueia a ajuda de 12 bilhões de euros
21 de julho A Eurozona acerta um segundo resgate à Grécia no valor de 109 bilhões de euros, no qual também participará o setor privado com o investimento de 49,6 bilhões de euros entre 2011 e 2014
2 outubro A Grécia reconhece que não cumprirá com os objetivos marcados por UE e FMI e aprova novas medidas adicionais de ajuste para economizar 6,6 bilhões de euros
19 outubro Greve geral de dois dias. Morre um sindicalista em incidentes
21 outubro O Eurogrupo autoriza a sexta prestação do resgate, de 8 bilhões de euros
27 outubro A UE aprova as condições do segundo resgate, de 130 bilhões de euros
31 outubro Papandreou propõe um plebiscito sobre a aplicação do plano de resgate
2 novembro A UE decide bloquear os 8 bilhões de euros da sexta prestação, perante a incerteza
8 novembro O governo em plenário apresenta sua renúncia
10 novembro O economista Lukas Papademos é designado primeiro-ministro de um governo de união nacional
29 novembro O Eurogrupo aprova os 8 bilhões de euros da sexta prestação
6 dezembro O Parlamento grego aprova o orçamento para 2012 exigido por UE e FMI
12 dezembro A Grécia descarta reduzir o salário mínimo, como exige a troika
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2012
14 fevereiro O Eurogrupo adia a reunião sobre o segundo resgate à Grécia. O PIB da Grécia no último trimestre de 2011 cai 7%
18 fevereiro O governo aprova uma nova redução das pensões para economizar 75 milhões de euros
com Reuters, Efe e MarketWatch