Senado italiano vota medidas de austeridade prometidas à UE
Por marciobasso 11/11/2011 - 08h57
O Senado da Itália deve votar nesta sexta-feira as medidas de austeridade demandadas pela União Europeia para conter a crise da zona do euro. O projeto de Lei de Orçamentos para 2012, que contém as reformas econômicas chega ao plenário e deve ser aprovado ainda hoje.
Uma vez aprovadas as medidas, cuja ratificação definitiva na Câmara dos Deputados deve acontecer no final de semana, o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, deve cumprir o prometido e apresentar sua renúncia.
Berlusconi assumiu o compromisso na terça-feira perante o presidente italiano, Giorgio Napolitano, que nestes dias quis tranquilizar os mercados assegurando que após a saída do premiê não vai haver um “prolongado período” de inatividade governamental ou parlamentar.
A opção que aparece com mais força para a era pós-Berlusconi é a formação de um governo técnico capaz de se entender com todas as forças políticas para tirar a Itália da difícil situação na qual se encontra.
Para liderar o governo, o nome mais forte é o do economista e ex-comissário europeu Mario Monti, 68, que conta com um grande apoio entre as forças parlamentares e foi nomeado senador vitalício pelo presidente.
O texto do projeto de Lei de Orçamentos e da emenda que contém algumas das reformas prometidas à UE foi aprovado ontem pela comissão de Balanço do Senado, que acelerou os trâmites para que o documento estivesse pronto para chegar hoje à Câmara Alta.
Após sua aprovação no Senado, o texto passará à Câmara dos Deputados para sua aprovação definitiva, o que está previsto para sábado ou domingo. Votando pela primeira vez na Câmara Alta estará Monti.
GOVERNO TÉCNICO
Berlusconi abriu ontem a porta para seu apoio à criação de um possível governo técnico após sua inicial oposição, embora ainda existam divergências a respeito em seu partido, o PDL (Povo da Liberdade).
Também se mostraram contrários à formação do governo de transição os partidos Liga Norte, parceiro no Executivo de Berlusconi, e o progressista IDV (Itália dos Valores), que defendem a realização de eleições antecipadas.
Por outro lado, a favor dessa opção se manifestaram o chamado Terceiro Polo, na oposição de centro-direita, e a maior parte do progressista Partido Democrata, a principal formação da oposição.
PRESSÃO DOS EUA
O Senado da Itália vota as medidas de austeridade depois que o presidente norte-americano, Barack Obama, aumentou a pressão por mais ação no país. Obama conversou com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, no fim da quinta-feira, e também telefonou para o presidente italiano.
O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, pediu uma ação mais rápida na Europa.
“A crise na Europa continua sendo o desafio central para o crescimento global. É crucial que a Europa se mova mais rapidamente para colocar em vigência um plano para restaurar a estabilidade financeira”, disse Geithner em comunicado.
Klaus Regling, diretor do EFSF (sigla em inglês para Fundo Europeu de Estabilidade Financeira), pediu à Itália a aplicação rápida de medidas que permitam tranquilizar os mercados, em uma entrevista publicada pelo jornal “Süddeutsche Zeitung”.
“A Itália não tem muito tempo para tranquilizar os mercados”, afirmou, antes de ressaltar que “o país precisa o mais rápido possível de um governo capaz de funcionar”.
Ele disse ainda que o fundo de resgate está preparado para ajudar a Itália caso as turbulências persistam.
DA EFE
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