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Abandono: tradicionalistas tentam reestruturar CTG José Bonifácio

Local já foi saqueado e sofre com deteriorações.

Jornal NT Sul


Por Thays Silva 05/05/2021 - 15h57

Visto por fora, o tradicional CTG José Bonifácio Gomes aparenta normalidade e, para quem conhece, remete a lembranças da Entidade que acolhia diferentes gerações em atividades diversas ligadas a cultura gaúcha, eventos artísticos, empresariais, políticos ou simples confraternizações.

Mas, nos últimos anos a Entidade entrou em declínio, se desestruturou, as portas se fecharam com a pandemia, as invernadas, que ainda usavam o local para ensaios, pararam e a degradação da estrutura do prédio se acelerou.

CTG José Bonifácio Gomes sofre com deteriorações

Uma realidade difícil de aceitar por pessoas como o Luis Angelo, que sempre teve o CTG como referência e, por isso, se uniu ao grupo de trabalho que pretende reconstruir a Entidade.

Parte das pessoas que integram esta comissão tem algum vínculo com o CTG. O Luis Angelo tem um vínculo mais do que afetivo. Desde criança ele faz parte do quadro social do local e, agora, também faz parte dessa comissão.

Emocionado, Luis conta da tristeza de ver a deterioração do local: “É muito triste. A gente que viveu aqui dentro, que cresceu aqui dentro… assistir o estado que está. É lamentável. Alguma coisa a gente tem que fazer para ajudar. Não pode deixar cair do jeito que está caindo isso aqui. A gente gosta disso aqui, adora”.

Luis relembra que o CTG já foi frequentado por toda a família. “Eu tenho quatro filhos. Meus quatro filhos entraram aqui, dançaram nos grupos daqui. A gente tinha uma vida, uma história aqui dentro. Nos reuníamos toda semana com a gurizada dançando, lá embaixo no Meu Pago. Tinha jantar uma vez por mês. Era um movimento, uma coisa gostosa, prazerosa e familiar. Se reuniam crianças de 8 anos com pessoas de 80 anos”, relata.

O ex-integrante da patronagem conta ainda da surpresa que foi ver o local neste estado. “Fazia tempo que eu não entrava aqui. Não tinha visto ainda o estado em que está. Bah, eu fiquei muito triste, chateado e chocado. Mas, alguma coisa nós temos que fazer.

A emoção e determinação do Luis Angelo é também do Ubiratan e do Rovani. Juntos a mais quatro voluntários, eles assumiram a missão de restaurar o CTG e torná-lo ativo novamente.

Há muito a fazer. O chão e o forro de madeira sofrem com infiltrações, ação do tempo e dos cupins. A Estrutura daquela que já foi uma das mais bem estruturadas cozinhas de CTG foi literalmente saqueada.

Forro de madeira tem infiltrações e cupins; cozinha foi saqueada

O amplo local com invejáveis churrasqueiras ainda resiste, mesmo com a cobertura clamando por reparos. O restaurante Meu Pago, nos fundos do CTG tem a estrutura da cobertura comprometida.

O projeto de recuperação está em fase de elaboração, mas a comissão já tomou como missão colocar em dia as contas de água e luz e priorizar a recuperação da área das churrasqueiras e o restaurante. A intenção é, assim que possível, colocar esses setores a funcionar para ajudar a fazer caixa.

Ubiratan Freitas, ex-presidente e atual vice da Associação Tradicionalista e Cultural de Cachoeira do Sul, que também é contabilista, assumiu a missão de regulamentar a documentação da Entidade e tornar o CTG apto para a busca e recebimento de auxílio financeiro.

“Legalizar a documentação do CTG é uma das minhas atribuições. Deixar próprio para pleitear alguma subvenção, algum auxílio do Governo. No ano passado teve a Lei Aldir Blanc, que ajudou diversas Entidades no município e aqui não pôde ser contemplado porque não estava em dia com documentação. Nos próximos dias terei isso já resolvido”, explica.

Há otimismo por parte do grupo, que já recebeu manifestações de adesão, segundo eles, do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Sindicato Rural, prefeitura, deputados do estado e inúmeras pessoas.

Nessa integração de entidades pelo reerguimento do Bonifácio, o Rovani, que representa a cavalgada da integração, destaca a importância e necessidade de união e humildade para conseguir vencer essa árdua missão.

“Nós vamos começar bem de baixo, com toda humildade, pedindo a colaboração de todos os cachoeirenses, até os que não estão mais em Cachoeira. Também de todos nossos amigos tradicionalistas que têm amor à nossa bandeira, e unidos nós seremos muito mais fortes”, diz.

Rovani também enfatiza as ações que devem ser realizadas para arrecadação. A primeira é no dia 15 de maio, a partir das 11h30.

“Primeira promoção será o galeto e depois, conforme necessidade, vamos criando outros eventos, como almoço, janta, rifas. De todas as maneiras que pudermos arrecadar. Vai ter uma conta bancária para quem quiser nos ajudar, principalmente associados que eram da Casa e estão retirados. A gente sabe que não é só o tradicionalismo que está sofrendo as consequências dessa pandemia. É geral, mas nós não podemos deixar cair”, finaliza.

Primeira ação para arrecadar fundos será no dia 15 de maio

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