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“Presença Espírita na Bíblia”?

Recebi de uma amiga telespectadora o link para o vídeo de um dos programas da TV Mundo Maior conhecido como “Presença Espírita na Bíblia”. No episódio que acompanhei, os apresentadores Celina Sobral e José Reis Chaves tentaram demonstrar que na Bíblia, a palavra “geração” também significa “reencarnação”, alegando com isso que a Bíblia e o espiritismo são compatíveis.

Nesse post analisamos essa afirmação, entre outras, à luz da Bíblia, seguindo o exemplo dos crentes de Bereia que examinavam a Bíblia “todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (At 17:11).

Na Mira da Verdade


Por jeferson 19/09/2014 - 09h59

Espiritismo_outra

Recebi de uma amiga telespectadora o link para o vídeo de um dos programas da TV Mundo Maior conhecido como “Presença Espírita na Bíblia”. No episódio que acompanhei, os apresentadores Celina Sobral e José Reis Chaves tentaram demonstrar que na Bíblia, a palavra “geração” também significa “reencarnação”, alegando com isso que a Bíblia e o espiritismo são compatíveis.

Por maior que seja meu respeito e admiração pelos irmãos espíritas e por aquilo que eles fazem em favor do próximo, devo dizer que à luz das Escrituras as explicações apresentadas no referido programa estão longe da realidade bíblica, pelas seguintes razões:

1) José Reis Chaves não pode provar linguisticamente (tendo como base o hebraico e o grego bíblico) que “geração” é sinônimo de “reencarnação”. Desconheço um Léxico (Dicionário Especializado) que traduza “geração” por “reencarnação”, o que me leva a concluir que essa afirmação de Chaves é fruto de seus pressupostos espíritas, não de uma verdade objetiva.

2) Também não é possível provar contextualmente que “geração” é o mesmo que “reencarnação”. Afinal, no contexto e na visão bíblica da natureza humana, percebemos que a filosofia dos hebreus, e posteriormente dos judeus cristãos, é holística, ou seja: a natureza humana é vista como integral, sendo, portanto, impossível separar a “alma” do corpo (cf. 1Ts 5:23, 24; 3Jo 2).

A crença de Platão (aproximadamente 428/427 a.C-348/347 a.C.), filósofo grego, de que o ser humano pode ser “dividido” em “alma e espírito” (dicotomia) é estranha para os autores bíblicos. Para eles, a morte é um estado de total inconsciência até o dia da volta de Jesus, quando ocorrerá a ressurreição corpórea dos mortos. Os textos a seguir são suficientes para provar isso: Jó 3:11-13; 14:12; Sl 13:3; 115:17; 146:4; Ec 9:5, 6 e 10; Jr 51:59; Dn 12:2; Jo 11:11-14; 1Co 15:17-23; Ts 4:13-18; etc.

No referido programa também foi dito que o texto de Lucas 12:31, 32, onde Jesus fala que a rainha de Sabá e os habitantes de Nínive “voltarão” para julgar os fariseus rebeldes, ensina que eles (rainha e ninivitas) tornarão a voltar por meio da “reencarnação”.

Porém, lemos no próprio verso que, para eles voltarem, precisam “levantar-se” – algo totalmente diferente de “reencarnar”. Veja:

“A rainha do sul se levantará no julgamento, juntamente com os homens desta geração e os condenará…” (Lc 12:31).
Levantar-se é o mesmo que reerguer-se de uma posição onde a pessoa estava, obviamente, “deitada”, ou seja: é ressuscitar da sepultura. Perceba que a simples leitura do texto é suficiente para vermos que “levantar-se” nada tem a ver com “reencarnar”.
O próprio Cristo ensina que os justos voltarão a ter vida somente “no último dia” (Jo 6:40) – ideia totalmente oposta ao ensino espírita de que logo após a morte (sem a necessidade da Volta de Jesus – 1 Ts 4:13-18) a pessoa “reencarna”. Assim, apenas “no último dia” a rainha de Sabá e os habitantes de Nínive serão ressuscitados – não “reencarnados”.

JOÃO BATISTA ERA A “REENCARNAÇÃO DE ELIAS”?

Com base em Mateus 17:12, José Reis Chaves também afirmou que “João Batista foi Elias reencarnado”. Diz o texto: “Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer nas mãos deles.”

O detalhe é que, segundo a Bíblia, Elias não morreu. Foi levado vivo para o Paraíso, de acordo com 2 Reis 2:1-18. Leia alguns versos desse capítulo:

Chegou o tempo de o SENHOR Deus levar Elias para o céu num redemoinho. Elias saiu de Gilgal junto com Eliseu e no caminho Elias disse: —Fique aqui porque o SENHOR me mandou ir até Betel. Mas Eliseu disse: —Juro pelo SENHOR e pelo senhor que eu não o deixarei. E assim os dois foram até Betel. Um grupo de profetas que morava ali foi falar com Eliseu e lhe perguntou: —Você sabe que hoje o SENHOR vai levar o seu mestre para longe de você? —Sim, eu sei! —respondeu Eliseu. —Mas não vamos falar nisso. Então Elias disse a Eliseu: —Fique aqui porque o SENHOR me mandou ir até Jericó. Mas Eliseu disse: —Juro pelo SENHOR Deus e pelo senhor que eu não o deixarei. E assim os dois foram até Jericó. Um grupo de profetas que morava ali foi falar com Eliseu e perguntou: —Você sabe que hoje o SENHOR vai levar o seu mestre para longe de você? —Sim, eu sei! —respondeu Eliseu. —Mas não vamos falar nisso. Aí Elias disse a Eliseu: —Fique aqui porque o SENHOR me mandou ir até o rio Jordão. Mas Eliseu disse: —Juro pelo SENHOR Deus e pelo senhor que não o deixarei. Então eles saíram, e cinqüenta profetas os seguiram até o rio Jordão. Elias e Eliseu pararam perto do rio, e os profetas ficaram olhando de longe. Aí Elias tirou a sua capa, enrolou-a e bateu com ela na água. A água se abriu, e ele e Eliseu passaram para o outro lado, andando em terra seca. Ali Elias disse a Eliseu: —Diga o que você quer que eu faça por você antes que eu seja levado embora. Eliseu disse: —Quero receber como herança duas vezes mais poder do que você tem. Elias disse: —Esse pedido é difícil de atender. Mas você receberá o que está me pedindo se me vir quando eu estiver sendo levado para longe. Se você não me vir, não receberá. E assim foram andando e conversando. De repente, um carro de fogo puxado por cavalos de fogo os separou um do outro, e Elias foi levado para o céu num redemoinho. Eliseu viu o que aconteceu e gritou: —Meu pai, meu pai! O senhor sempre foi como um exército para defender Israel! E nunca mais ele viu Elias. Muito triste, Eliseu rasgou a sua capa pelo meio. Depois pegou a capa de Elias, que havia caído, voltou para a beira do rio Jordão e parou ali.” (2 Reis 2:1-13, Nova Tradução Na Linguagem de Hoje).

Segundo o ensino espírita, só reencarna quem morre. Se o profeta Elias não experimentou a morte, de que maneira poderia “reencarnar” na pessoa de João Batista? Impossível. Ficaremos com o relato bíblico ou com aquilo que diz o espiritismo sobre o assunto?

Além disso, noutra ocasião os judeus perguntaram a João Batista se era “Elias” que havia voltado do Céu. Com suas palavras claras e taxativas, sem dar margem para qualquer dúvida, o profeta respondeu que ele não era Elias, demonstrando que ambos, mesmo tendo vindo no mesmo espírito e missão emergencial (cf. Mt 17:10-13), eram pessoas totalmente diferentes:

“Eles tornaram a perguntar: —Então, quem é você? Você é Elias? —Não, eu não sou! —respondeu João. —Você é o Profeta que estamos esperando? —Não! —respondeu ele.

Por essas razões bíblicas, recomendo que nossos irmãos adeptos do espiritismo (e que aprecisam a Bíblia) reconheçam a impossibilidade de harmonizar a Escritura com o espiritismo. Por questão de sinceridade com nós mesmos, precisamos seguir os ensinos bíblicos ou os ensinos espíritas em relação à morte (e outros assuntos).

A pessoa que se permitir guiar por Deus na leitura das Escrituras perceberá que “reencarnação” e “ressurreição” são coisas por demais antagônicas. Norman Geisler foi feliz em demonstrar as diferenças gritantes entre uma ideologia e outra, em sua Enciclopédia de Apologética (São Paulo: Vida, 2002), p. 749. Para que tenha a comprovação bíblica para cada afirmação do referido autor no quadro comparativo, farei uma pequena adaptação acrescentarei os textos bíblicos ao lado:

Tabela NMDV - 2

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concordo com o programa da TV Mundo Maior que há a presença espírita na Bíblia. Porém, a questão é que essa “presença” existe com o objetivo dos autores bíblicos condenarem o espiritismo, ao invés de sancioná-lo:

“—Algumas pessoas vão pedir que vocês consultem os adivinhos e os médiuns, que cochicham e falam baixinho. Essas pessoas dirão: “Precisamos receber mensagens dos espíritos, precisamos consultar os mortos em favor dos vivos!” Mas vocês respondam assim: “O que devemos fazer é consultar a lei e os ensinamentos de Deus. O que os médiuns dizem não tem nenhum valor.”” (Isaías 8:19-20, Nova Tradução Na Linguagem de Hoje).

Deve-se destacar que o objetivo dos escritores inspirados não é condenar aos irmãos espíritas, mas, mostrar-lhes o que a Bíblia realmente ensina sobre o assunto, através de seus próprios métodos interpretativos de examinar todos os textos sobre um referido assunto antes de se chegar a uma conclusão (cf. Lc 24:27, 44). O desejo de Deus revelado aos profetas é que entendamos a Bíblia por meio da própria Bíblia e que a examinemos por nós mesmos, ao invés de recorrermos, por exemplo, a Allan Kardec, e ler o texto bíblico sob a visão dele:

“Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.” (At 17:11).

 

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